Enchentes: moradores do Vale do Taquari migram para áreas mais altas após três cheias em um ano
14/09/2024
Mercado imobiliário da região sofreu impactos dos desastres ambientais. Quem fica nas áreas mais baixas busca alternativas para diminuir prejuízos. Mercado imobiliário do Vale do Taquari vive transformação
Depois de três enchentes em menos de um ano, imobiliárias do Vale do Taquari observam uma espécie de migração dos moradores de áreas mais próximas do rio para regiões mais altas dos municípios. A situação gera um aquecimento no mercado de locação e vendas.
📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp
Só em Lajeado, maior cidade da região, as movimentações envolvendo transferência de imóvel aumentaram 28% neste ano se comparado ao mesmo período em 2023.
"Se criaram novos centros em Lajeado, e aumentou muito o locativo dos imóveis. Os preços não tiveram um grande aumento, mas teve uma realocação do mercado locativo e de compra e venda de imóveis", afirma o delegado regional do Sindicato Patronal da Habitação do RS, Marco Aurélio Munhoz.
A enchente de setembro de 2023 deixou 54 mortos no Rio Grande do Sul, enquanto a de novembro daquele ano matou cinco pessoas. Já a tragédia de maio deixou 183 vítimas em todo o estado.
Nenhuma casa definitiva foi entregue às famílias afetadas
Antena em prédio mais alto do RS deve garantir sinal de rádio em emergências
Imóvel para vender em cidade do Vale do Taquari
Reprodução/RBS TV
Quem sai...
O eletricista Celso Luiz Carletto mora na mesma casa em Estrela há mais de 40 anos. A família foi atingida pela enchente pela primeira vez em setembro de 2023, situação que se agravou em maio de 2024, quando toda a casa ficou debaixo de três metros de água. Agora, ele reforma o imóvel para vender.
"Com certeza vai valer bem menos do que ela valeria se fosse em uma área que não fosse alagada", diz.
"Minha intenção era só manter o que eu tinha, curtir o restante da minha vida. Ter uma vida mais tranquila. Mas infelizmente veio isso aí e agora a gente está tentando sair daqui para tentar ter uma vida tranquila em outro local", afirma.
Quem fica...
Apesar de muita gente mudar de endereço, tem quem prefira ficar. É o caso do criador de conteúdo digital Mericot Dortelus. Imigrante haitiano, ele comprou a casa própria em Lajeado.
Agora está reorganizando o imóvel, que teve as portas arrancadas e todos os móveis danificados. Para a reconstrução, ele aposta na substituição de materiais em madeira por granito e vidro no projeto da nova mobília.
"A gente não quer usar os mesmos materiais porque se não quando pegar água, mesmo estando bem novinho, ele pode estragar. Por isso, não quero usar mais. Eu prefiro granito, vidro também", explica.
Móvel de madeira danificado pela água em cidade do Vale do Taquari
Reprodução/RBS TV
VÍDEOS: Tudo sobre o RS